quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Pode me chamar de emocionada

(ler ouvindo Leal - Djonga)

 A gente fica conversando na sua cama até o dia clarear e eu tenho certeza que o mundo para de girar por alguns minutos, enquanto a gente assiste o céu mudar de cor pela sua janela.

Entre cigarros, copos, amassos e trilha sonora, nossas mãos se encontram e nossos dedos não se desgrudam. Existe um ímã invisivel entre os nossos corpos, e, de repente, a gente quase vira um só, olhando no fundo dos olhos do outro. 

A vista é linda do seu quarto, mas dentro a gente junto é mais, é uma mistura do amarelo de Van Gogh, com o calor do rio de janeiro em pleno verão de dezembro e comédia romântica clichê.

Parece que a gente se conhece há anos, mas tem só alguns dias. E, com isso, aprendi, na prática, a única noção de física que fez sentido até hoje pra mim: o tempo é relativo.

Quando eu achei que tinha esquecido como era me apaixonar, você apareceu. 

Não costumo me envolver tão rápido com as pessoas, por isso dessa vez aceito ser chamada de emocionada. Faz alguns anos que ninguém consegue mexer comigo desse jeito. 

Romances com você me interessam, fulgaz ou duradouro, você decide, mas, se você quiser ficar comigo sem data pra ir embora, eu vou soltar foguetes, igual em final de copa do mundo.

Quando você vem, eu me derreto toda. Cê nem foi embora e já tô com saudades de ficar contigo.

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Fiquei mexida

Te olhei e me senti atraída no mesmo minuto. Eu sabia que precisava te conhecer, só não sabia que o motivo era de que você seria minha nova paixão.

Conexão instantânea.

Seus olhos são um universo, daqueles que desvendam tudo que a gente é, que mergulham profundamente na gente. Magnetismo inexplicável, que só o olhar do escorpiano tem.

Você chegou como um sol e eu senti meu mundo clarear, enquanto lá fora o dia escurecia.

A gente tem intimidade desde antes de ter oficialmente, e, eu, que sempre carreguei a fama de aquariana desapegada, agora vivo agarrada ao seu pescoço, entrelaçando meus dedos nos seus e esperando suas mensagens durante o dia.

Falando em pescoço, faz um tempo que o meu não tem um fã igual você, eu nunca ganhei tantos beijos e carinhos nele.

É arrepio atrás de suspiro, da sinestesia que é estar com você.

Você diz que eu sou um vulcão, eu já acho que é você que me esquenta como ninguém. É tanto calor e intensidade entre a gente, que a única roupa possível é ficar sem, e eu faço infinitos desfiles do meu corpo de lá pra cá no seu quarto.

O mundo explodindo lá fora, e eu deitada na sua cama, te olhando, quase sem piscar. 

Passaria horas só observando cada pedacinho de você, guardando na memória, pra usar quando você subir no avião e a saudades apertar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Eu vou me apaixonar depois do carnaval

Não gosto de ninguém!

Explicando melhor, não sou apaixonada por ninguém atualmente. Gostar, eu gosto de todos quando tô junto, depois volto pra minha casa, pra minha vida, pra minha rotina e passa.

É meio frustrante estar vivendo assim. Eu amo romances, viver suspirando, enxergar o outro com uma perfeição impossível, sentir saudades um minuto depois da despedida e contar as horas pra se ver. É até difícil exemplificar como é se sentir amando, já faz tanto tempo que parece que eu esqueci.

Fico um pouco triste toda vez que concluo que, nunca mais vou me apaixonar de forma tão entregue igual quando eu tinha 18 anos, nunca mais vou sofrer por alguém, com tanto drama, igual qdo eu tinha 20.

As vezes o casual cansa, e eu só queria ficar embolada na cama no domingo fazendo planos pro futuro. Não é pedir demais alguém que se sinta feliz planejando o amanha ao meu lado. 

Os anos vão passando, as decepções acontecendo, o muro em volta do coração calejado vai sendo construído, afim de evitar que seja quebrado mais e mais vezes.

O medo de sofrer diz que a gente deve amar menos, o que é uma pena.

Sem medo sigo ignorando um pouco a maturidade e me jogando na vida.

Acreditar no amor é estar vivo, ainda bem.

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Apanhando da saudades

Esses dias você me ligou.

Fazia um tempo que eu não ouvia a sua voz e antes de desligar você falou:

- não esquece de mim não....

Agora, me diz, como que eu vou te esquecer?

No nosso primeiro encontro você me chamou pra um bar e não pra sua casa. Ele quer me conhecer de verdade, pensei.

Eu sempre pude ser eu com você, e você nunca fugiu de mim, mesmo quando meu eu não era a melhor versão que eu podia ser. E eu acho que amar o outro é meio isso, ficar mesmo diante das piores versões.

A gente se ama. Não sei desde quando, as vezes parece que é desde sempre. O que a gente tem vem se misturando entre amizade e algo mais, há mais tempo do que minha memória consegue contar agora. 

Nós somos amigos, mas quando você faz um deboche refinado, sem ser cruel, eu, que sou pirada em homem de pensamento rápido, de repente fico doida pra dar pra você.

A gente não tem música, não tem foto, não tem história romântica. As vezes eu acho que você me vê como a maluca faladeira mais engraçada que você já viu, outras vezes, sinto que pra você eu sou como um bichinho-bebê que precisa de cuidados. 

A gente tem nossos segredos, nosso dialeto, nosso beijo e uma sensação eterna de se sentir em casa na presença do outro.

Saudades de te olhar, de fumar um cigarro juntos, de ficar bêbada e falar constrangimentos com você, do seu cabelo, do seu cheiro, do seu abraço, das suas blusas de botão estampadas, de sair de casa sabendo que eu vou te encontrar, de dormir juntos - até quando tá quente e você insiste em me abraçar dormindo, me deixando com mais calor ainda. 

Saudades do jeito que a gente ri junto, do jeito que a gente faz o outro rir. 

Realmente, você tinha razão, nunca daria certo a gente em um relacionamento sério, porque a gente é muito engraçado.

terça-feira, 10 de agosto de 2021

Sobre beijar amigos e errar

Quando eu era mais nova, era contra beijar amigos, mas eu sou de aquário, sou fácil pra amizades, todo mundo vira meu amigo depois de 3 latão e uma companhia de fazer xixi na rua atrás de um carro. Fila de banheiro, virote na rave, dividir o microfone no karaokê, amigo do amigo do amigo, comigo não tem cara fechada, nem falta de assunto, o que eu amo na minha personalidade, mas que é péssimo pra alguém que não queria beijar amigos.

Sempre achei que as coisas mudavam depois, a pessoa para de te reparar como aquela amiga divertida e boa de copo, para aquela mina gata que podia me dar. 

Esses dias, depois de uma festa, fui dividir a cama com um amigo que eu já tinha beijado uma vez, com o objetivo inicial de apenas dormir, mas, no fundo, pensado agora, na luz da sobriedade, eu fui um pouco na má intenção, mesmo que irracionalmente na hora.

Pedi uma camiseta dele, porque não queria dormir de calça jeans, deitei de calcinha e camiseta com meu cobertor separado, mas estava muito frio e acabei entrando pra coberta dele, a gente ficou esquentando os pés um no outro. Uma tensão sexual densa, dessas que daria pra se cortar com uma faca, pairava no ar entre a gente.

Dormir era a última coisa que eu queria fazer ali naquele momento, propus uma conchinha, disso pra tirar a roupa não foram nem dez minutos, o que gostei mto na hora, mas aí veio o dia seguinte e mostrou que na real a situação foi um pouco estranha - palavras dele - já que eu meio que invadi o quarto dele, e meu eu do passado que não gostava de pegar amigos veio a tona de novo.

Agora não sei se atrapalhei uma amizade que eu gostava muito por ser uma descontrolada sexual bêbada ou se continua tudo bem e ainda podemos ter conversas pessoais e desabafos de amigos.

A gente ainda não se viu depois do que rolou, mas a única coisa que eu torço pra não acontecer é olhar pra ele e lembrar dele pelado instantaneamente, o resto da pra lidar.

quarta-feira, 30 de junho de 2021

De pouca fé?

A pandemia trouxe a tona a noção definitiva da finitude pro dia a dia.

Nunca tinha pensado tanto sobre a morte quanto agora, nem de como muitas vezes é importante se apegar ao sagrado pra ativar as esperanças.

Sempre me achei uma pessoa de pouca fé, talvez pelo fato de sempre ter uma vida muito fácil e nunca precisar ter deus como ajudante pras situações, talvez por ver a fé sob ângulos perversos de religiões manipuladoras, desleais, e igrejas aproveitadoras das misérias dos seus fiéis. Mas, no último um ano e meio, rezo todas as noites, pra deus, guias, santos, anjos e pra minha Avó - que morreu há poucos meses e ainda não consigo escrever nada sobre.

Rezo por desespero, por não ter mais nada pra fazer pra ajudar, nem no mundo concreto, nem no das ideias. Me sinto melhor depois, sinto que faço parte de algo maior quando peço forças e olhares carinhosos pra quem eu conheço e está precisando.

Eu gosto da noção de existência de um deus, sempre respondo um "vai com Deus" com um "com deus também". 

Tem sua importância ter algo maior pra se apegar, se sentir cuidado, ter uma muleta emocional poderosa, que tudo vê, escuta e faz. Que, de forma positiva ou aflitiva, faz as pessoas tentarem ser melhores, principalmente quando a morte espreita por todos os lados quem amamos, como agora. 

Antes de dormir eu rezo, e ao acordar, abro a janela e fico olhando pra fora, esperando passar alguém de máscara na rua, pra garantir que os últimos 18 meses não foram apenas um pesadelo horrível, mas logo eu recebo o choque da realidade de que não foi, e aí eu não rezo, só respiro fundo e sobrevivo mais um dia, todo dia, pq eu sei que no fim das contas a energia das palavras que eu emano até tem sua importância, mas as ações fazendo a minha parte pelo coletivo têm mais ainda...

terça-feira, 18 de maio de 2021

Talentoso

Hoje eu acordei em uma casulo de carinhos, com beijos no pescoço, e senti que o mundo naquele momento tinha voltado a girar em prol da minha felicidade, sempre tão estampada sem precisar de muito,  mas agora com um motivo a mais, esse mistério gostoso que você é.

O vento nos ouve falar baixinho, enquanto você dedilha uma nova canção em mim, e eu tô entregue de poses, sem máscara, minha retina é uma câmara de memórias quentes que eu uso tarde da noite no quarto sozinha.

Seu olhar profundo me atravessa, tem muito aí dentro, fundo de oceano, e eu, que nem gosto de mergulhar, me pego doida pra afogar nessa imensidão em que as coisas acontecem sem medidas e promessas, do jeito que eu gosto, infinitas possibilidades, fluindo nas ondas do seu som e eu não preciso fingir os meus.

Chego em casa e deito na minha cama, tem seu cheiro em tudo que é meu, postergo o banho pra estender ao máximo a sensação olfativa que é te sentir em mim de longe.

Lembro de você dizendo "gata demais" e tirando a minha roupa com o olhar, sorrio e derreto.

Você é talentoso, e eu nem tô falando de música.

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Gostoso ao pé do ouvido

Fui te ver com aquele frio na barriga de quem não sabe o que esperar, não lembro agora a última pessoa que me causou isso antes de você, é o tipo de sensação que faz a gente ter certeza que tá vivo.

Te conhecer me fez descobrir que dá pra ter tesão só de ouvir a voz de alguém. Sua voz me causa sinestesia, entra pelos meus ouvidos e me esquenta toda por dentro, eu cruzo as pernas com força, fecho os olhos e suspiro fundo, meus sentidos imploram pra te ter dentro de novo, apreciar, de todas as formas.

Você é compositor, mas hoje quem declama sou eu, em forma de gemidos, perco minhas roupas e o fôlego. Então eu te olho, não sei se em silêncio ou se o mundo realmente para pra eu te admirar melhor, e penso que talvez você seja o homem mais bonito do mundo. 

Aí você mexe no cabelo bagunçado que caí no seu rosto e eu tenho certeza disso.

O sol da meia noite brilha só pra gente se ver por inteiro, o único som é o das nossas respirações sincronizadas, a gente se morde pra sentir melhor o sabor, você sussurra arrepios e tudo que eu desejo é que você beije minha boca até o amanhecer.

Dou play na sua música, você não sai da minha cabeça...

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Perspectivas

Quase 4 da manhã de uma quarta qualquer, eu olho a rua da sacada fumando meu cigarro, uma paz estranha permeia o ar, da até pra esquecer que estamos vivendo uma pandemia por alguns segundos.

Tudo parece normal, alguns poucos apartamentos com a luz ligada, o mundo dorme, o mundo explode, o mundo gira, várias percepções que mudam de acordo com o lugar que se ocupa na vida. Me sinto observadora de tudo, meu mundo não é o melhor cenário que se tem pra viver atualmente, mas com certeza também não é o pior e sigo muito grata de viver dos males o menor. 

Meu vizinho de frente aparece na janela, fumando também, a insônia e a ansiedade têm sido nossas maiores companheiras quando paramos pra analisar o conjunto dos acontecimentos. Mais um dia, menos um dia, perspectivas.

 Fui pro outro lado da sacada, não quero atrapalhar o momento de reflexões, nem o meu, nem o dele, agora eu só quero observar a rua e pensar que nem parece que ter saúde é artigo de luxo atualmente, tá tudo tão silencioso que o mundo nem aparenta estar em uma das suas piores fases dos últimos anos, e essa frase se repete na minha cabeça incessantemente.

Começa a tocar nos meus fones Lulu Santos "eu vejo a vida melhor no futuro..." me lembrando que não há tempo que volte, que é pra gente viver tudo e se permitir, e isso faz uma fagulha de esperança acender no meu coração, porque eu sou uma dessas pessoas que vêem, sonham e acreditam numa vida melhor no futuro sim, a esperança é um combustível inabalável.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Eu não tô bem

Me sinto triste e ansiosa quase todo tempo e no tempo que sobra o sentimento é de revolta e raiva.

É difícil ter esperança quando não se vê luz no fim desse túnel sem fim de mortes, pânico e privações. 

Meu peito dói de tanta ansiedade diária, de não ter o menor controle de nada, de viver em estado de alerta, de pensar que qualquer passo em falso pode arruinar toda minha vida, minha família, meu futuro, minha sanidade, meus mil planos do que ainda quero e vou viver.

Eu choro muito, pelas notícias, pelas histórias, de cansaço, de desespero, de não aguentar mais, mas seguir aguentando. Eu estou chorando agora, inclusive. Esses dias chorei lendo um post com imagens da última mensagem que algumas pessoas que perderam familiares e amigos receberam delas, quando já estavam no hospital, e isso me destruiu, é muito difícil ser uma pessoa que se importa e que se coloca no lugar dos outros no atual momento.

Escrevo sobre como me sinto agora pensando que, daqui um tempo, vou reler e lembrar que esses meses, aparentemente, sem fim (que já completaram um ano) são apenas memórias ruins, que eu vou ir apagando aos poucos e voltar a fazer planos a longo prazo, sem o medo da possibilidade de perder um ente querido a espreita de qualquer movimento em falso.

Todo dia eu acordo, olho pro céu, agora azul e de outono, e me pergunto em silêncio "até quando?". Sem resposta, sem melhora, sem sossego, sem perspectivas, não vejo mais sentido em trabalhar, em seguir horários, em me informar, as vezes até em conversar com as pessoas, e, em meio a tudo isso, o maior medo que tenho é de esquecer como é ser feliz...

sexta-feira, 5 de março de 2021

Diário de um ano de pandemia

 Meses sem escrever 

Sem viver nada emocinante o suficiente que mereça um espaço aqui

Minhas amigas dizem que eu sou movida a paixões, não nego, e ultimamente tem sido impossível se apaixonar. O cenário apocalíptico não ajuda, os contatos resumidos ao online não emocionam, e os toques, quando têm, são frios.

Há exatamente um ano tá tudo ruim, tudo desmoronando, tudo desesperador e caminhando pro pior a cada dia mais.

Me sinto sozinha constantemente, no físico e no emocional.

Nada mexe, nada ferve, nada escreve.

Me alimento de memórias, toques, gostos, cheiros, não é suficiente, mas a gente se engana que viver de saudades da um certo calorzinho no peito e esperança de voltar a ter essa vida despretensiosamente apaixonante.

Festas, butecos, sorrisos, amigos, conversa fiada, paquera e beijo na boca. Eu consigo facilmente enumerar meus desejos agora, mas não consigo dar uma solução pra conseguir viver qualquer um deles com a segurança que tinha antes.

Eu todo dia sinto uma coisa diferente, e todo dia esses sentimentos permeiam sensações ruins. Tem dias piores e dias melhores, dias de chutar o balde e de culpa, de nóia e de crise, de choro e de ligações, e todo dia é dia de resistência.

A gente tá vivo, mas não tá bem, sobreviventes, até quando isso tudo vai continuar assim? 

Ninguém sabe.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Refrão de perdendo o juizo

Proibido 
- adjetivo - 
aquilo que não é permitido
Censurado
Desaprovado
Reprimido
Ilegal

Que seja

O plano era não mais te ver
Sem conversinha
Poucas ideias
Não te atendia
Não te respondia
Te queria mas não devia
Tentei sumir
Mas onde eu me escondia eu torcia pra você encontrar 
E encontrava 
Meu sim nunca teve disfarce

Mesmo vigiado, nunca impedido
Não tinha peso quando seu coração se encostava no meu
Perdidos entre o certo e o errado
Transbordava
Sua mão na minha 
Seu olhar no meu 
Amor, tesão, mãos
Posso? 
Pode
Cê me deixava cega ou era eu que não queria ver mais nada mesmo?
Mas deixa a luz acesa
Sento e sinto
Dentro e fora
O sol até saía
O verão recomeçava
calor demais
Solar demais
Juízo inexistente
Perdição

Hoje o objetivo é não se esconder mais
Me dá a mão
Me beija 
Assume que eu assumo
Amor é liberdade
Eu sendo eu e você sendo você 
Sem pensar na sua próxima partida 

Que pode ser mês que vem ou só na próxima vida...