sábado, 16 de março de 2024

Ele voltou

Depois de muitos anos a gente se viu.

Ele mesmo, o dono de metade das cartas de amor desse blog.

Ele, o homem de caráter duvidoso, que roubou meu coração em 2013 e levou um pedacinho com ele pelo mundo.

Ele, o homem que minha irmã desaprova. Que minhas amigas reviram os olhos ao ouvir o nome. Que se me perguntarem três qualidades eu nem sei dizer - a gente não se conhece mais.

Ele, que me tirou o sono só com uma troca de olhares às 3h da manhã no meio de um rolé de qualidade duvidosa.

Eu te vi, você me viu. Eu tava acompanhada, você também.

Meu coração acelerou, fiquei desconcertada, sem reação, mesmo já vindo me preparando há dias pra possibilidade desse reencontro.

Não fui falar com você, não sabia o que falar, achei que você não ia me causar mais nada depois de tantos anos longe - errei.

Eu minto pros outros e, principalmente, pra mim, que nós somos só amigos, mas ficou claro que ainda tem alguma coisa aqui dentro.

Inexplicável sensação de saudade, com medo do desconhecido, vontade de abraçar e de correr pra longe, na mesma medida.

Torço por um encontro só nosso.

Eu mereço.

Você merece.

Nossa história merece.


quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Pecado íntimo

De longe te quero perto, de perto te quero dentro, rodei o mundo e caí na tua rede de novo.

Tu me vira do avesso e continua sendo do jeito que eu gosto. Seu olhar, naturalmente sério, é a coisa mais sexy que eu já vi, seu beijo me engole, suas mãos me comandam. 

Sua cara de quem não pede, manda, me enche de vontade de mergulhar, até perder o ar, entre seus dedos. 

Tu me invade com toques selvagens e me ama sem pudor, de um jeito que mais ninguém faz, passo dias sentindo nosso encontro marcado na pele, literalmente.

Desejo e perigo.

Esses dias a vontade de ser sua me rasgou sem dó em uma simples terça a tarde, sem a menor perspectiva de realização. 

Medo e delírio.

Motivada por lembranças das cenas quentes já protagonizadas por nossos olhares cheios de vontade do outro, eu te queria mais uma vez, e mais uma, e mais uma, em sequência, na frequência que faz minhas pernas tremerem e eu perder o fôlego.

Desde que minhas roupas se misturaram aos grãos de areia, em uma indecência intensa, sincera e profana, meu gemido se perdeu no sigilo e quer ecoar pela sua casa todo o dia.

Ficar presa no seu quarto, me queimando em tu, é a liberdade que eu queria pra hoje.

Amor marginal.

Coração bandoleiro.

Paixão aperriante.

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Me reencontrei

(ler ao som de Gal Costa - O que é que há)

Nós últimos anos eu tava perdida, pessoalmente, profissional, amorosamente, e todos os "entes" possíveis no final das palavras.

Nada me preenchia, nada me agradava, me sentia vivendo no automático, não me encaixava em mais nenhum grupo de amigos, nem nas festas, nem nas conversas. Vivia com uma certeza gritando no fundo da minha alma: essa não é a vida que eu quero.

De repente um mundo de abriu, eu abri meu mundo.

Em meio a uma vila, com chão de areia, sotaques diversos, pessoas de todos os cantos, um marzão cheio de marolinha e uma prancha de longboard, eu me encontrei. Feliz, vivendo, experimentando, conhecendo e sendo.

Nunca me senti tão dona da minha vida, das minhas escolhas, das minhas responsabilidades, do meu caminhar nesse mundo.

É aqui, é assim - eu pensava.

Meu coração se enchia de possibilidades todo dia, de vontades, de perguntas e respostas.

A saudade e as lembranças de casa me puxavam pro mundo que não é mais real pra mim, muitas vezes, e mais uma vez eu me completava de felicidade, sabendo que esse sonho só tava sendo possível por ter bases familiares muito fortes e seguras e, de repente, tudo que eu vivi até chegar aqui fez todo o sentido.

Já tava no meu caminho todas as vivências, encontros, trocas e conexões.

Nem tudo são flores, nem tudo é perfeito, mas eu me propus, planejei e fui ser adulta, do melhor jeito que eu acho que dá pra ser agora: vivendo há apenas alguns passos do mar, em contato direto com a natureza, fugindo de trânsito, de transporte público e de cidade grande.

A paz que eu tanto procurava me encontrou, e a gente têm se dado muito bem, as pessoas falam que eu tô mais brilhante, mais solar, mais alto astral, mais solta, e eu concordo.

Hoje eu acordei 5h da manhã e fui ver o sol nascer na praia atrás da minha casa, só tinha eu, o mar, a areia, um arco-íris no céu e a Gal costa cantando no fone.

Escorreu uma lágrima de satisfação, que delícia viver!