sexta-feira, 5 de março de 2021

Diário de um ano de pandemia

 Meses sem escrever 

Sem viver nada emocinante o suficiente que mereça um espaço aqui

Minhas amigas dizem que eu sou movida a paixões, não nego, e ultimamente tem sido impossível se apaixonar. O cenário apocalíptico não ajuda, os contatos resumidos ao online não emocionam, e os toques, quando têm, são frios.

Há exatamente um ano tá tudo ruim, tudo desmoronando, tudo desesperador e caminhando pro pior a cada dia mais.

Me sinto sozinha constantemente, no físico e no emocional.

Nada mexe, nada ferve, nada escreve.

Me alimento de memórias, toques, gostos, cheiros, não é suficiente, mas a gente se engana que viver de saudades da um certo calorzinho no peito e esperança de voltar a ter essa vida despretensiosamente apaixonante.

Festas, butecos, sorrisos, amigos, conversa fiada, paquera e beijo na boca. Eu consigo facilmente enumerar meus desejos agora, mas não consigo dar uma solução pra conseguir viver qualquer um deles com a segurança que tinha antes.

Eu todo dia sinto uma coisa diferente, e todo dia esses sentimentos permeiam sensações ruins. Tem dias piores e dias melhores, dias de chutar o balde e de culpa, de nóia e de crise, de choro e de ligações, e todo dia é dia de resistência.

A gente tá vivo, mas não tá bem, sobreviventes, até quando isso tudo vai continuar assim? 

Ninguém sabe.