quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Me liga, me atende, me tira do gancho e me deixa fora da minha área de cobertura.

-Alô?!
-Sabe quem é?
-Sei...
-Ta podendo falar mocinha?
-Tô.
-Eu só queria te falar que eu não desisti de você...Eu sei, eu sei que nós já conversamos sobre isso, mas eu quero reforçar a ideia. Nosso plano ta de pé. Você lembra dele né? Eu sei, ta meio bagunçado aqui, tem muita gente falando no fundo e isso é o pior, porque se eu estivesse sozinho, na minha casa, na rua ou no transito eu estaria sozinho de verdade, é triste ter um monte de gente a sua volta e sentir falta de alguma coisa, de alguém. Eu sei, eu sei que nós acabamos de nos ver, mas você estava estranha. Eu entendo seus motivos, te dou razão, mas você sabia de tudo desde o começo, eu nunca menti pra você, nunca te enganei. Gosto de você? Gosto. Mas você sabe que gostar é pouco, temos muitas coisas e pessoas nos separando... Eu sei, eu sei que nós já conversamos isso, mas deixa eu falar, só com você que eu não me canso de falar, então faz a segunda melhor coisa que você sabe fazer e me escuta. Não lembra qual é a primeira? Você sabe sim, eu já te falei um milhão de vezes. Não, isso você também faz muito bem, mas não é a primeira coisa não. Eu te falo sim senhorita esquecidinha, é sorrir e fazer o mundo mais fácil, mais infantil, mais simpático, o meu mundo mais colorido, mais "relaxa, pensamentos positivo atrai coisas positivas"- é essa mesmo a frase que você tanto fala quando as coisas estão indo mal, não é? - Enfim, tenho que desligar, meus créditos estão acabando. Se eu vou la amanha? Porque, você quer que eu vá? Menininha complicada. Beijos e, se eu não te ver amanha, até a próxima. A única coisa boa disso é saber que você ta ficando cada dia mais linda e ficar muito tempo sem te ver me proporciona reparar nisso com mais facilidade. Tchau.
-Tchau...

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A (por mim desconhecida) linha tênue entre o amor, a paixão e o ódio.

  Com você não era amor, era paixão avassaladora, diabólica, obsessiva, compulsiva. Amor é sentimento pra gente centrada, coisa que nós nunca fomos, paixão é que queima, doí,enlouquece, cega. Paixão é sentimento de gente corajosa.
  Não era relacionamento pro sofá da minha sala, era pro banco de trás do meu carro, pra cima da pia da sua cozinha, para os  últimos assentos do canto do cinema. Você não é do tipo pra apresentar para os meus pais, era do tipo pra me apresentar todos os cantos da sua casa de praia.
  Juntos era perversidade e ligações inesperadas no meio da tarde, com a voz firme e decidida "to na porta da sua casa. Desce agora." . Eu, sempre acostumada a mandar e desmandar nos meus antigos relacionamentos, ficava puta com esse jeito de me tratar. Era isso que você queria, isso que você gostava, de me ver distribuindo tapas, palavrões e vociferando insultos. Tapas seguidos de beijos, palavrões seguidos de carinhos, insultos seguidos de apertos do meu corpo contra o seu.
Essa era a diferença desse para os meus outros relacionamentos, não tinha diferença entre amor e odio, eram misturados junto a nós e os lençóis da nossa cama.

"Se chorei ou se sorri..."

  O problema é não colocar um fim, é não ter um ponto final, só virgulas e reticencias.
Não da pra aceitar o fim, sem ter um. Sempre fica aquela pontinha de esperança, de sentimento, de  arrependimento por ter deixado de falar ou fazer alguma coisa por pudor ou orgulho. Porque se tem uma coisa que nós deveríamos aprender a usar melhor é o orgulho (sendo orgulho diferente de amor próprio. O ultimo é essencial o primeiro é maleável e, muitas vezes, dispensável).
  Já dizia minha mãe: tudo que começa errado, termina errado. E nós eramos a personificação do erro.
Pelo menos eu nunca vou poder dizer que minha vida não era emocionante quando eu tinha você ao meu lado: sofri, chorei, sorri, cresci, um pouco de tudo. Com você eu pude experimentar todas as sensações e não me arrependo de nada que aconteceu, não mudaria nada que fizemos juntos, só lamento ter perdido tempo brigando ao invés de estar te abraçando, deixando minhas questões morais falarem mais alto que as minhas vontades, fazendo do meu orgulho o mestre ao invés do meu coração.
  Depois de tantos erros entre a gente, mando dois lembretes, um pra mim: parar de ouvir  'Fresno-Não leve a mal' porque me faz chorar. E um pra você: te encontro daqui a 5 anos.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Das situações incomuns em lugares triviais.

  Você é do tipo interessante para os olhos, quando te vi a primeira vez fiquei intrigada com seu jeito. Você tinha dreads,gostei; usava roupas estilosas,gostei; e, principalmente, gostei o modo como me olhou, como se visse através das minhas roupas e, não se iluda, não era meu coração que ele via, era minha pele, minha marquinha de biquíni, minhas sardas... Me senti pelada, ali, na frente de todo mundo, no meio do banco e não adiantava desviar o olhar, você ficou me encarando, me despindo.
  Você estava na fila ao lado e foi atendido primeiro. Ufa, que alivio, já estava ficando sem graça com aquele olhar filho da puta de safado. Não que eu não goste, não que não tenha me feito sentir mais mulher, mas ali não era lugar, não tinha abertura para dar continuidade ao olhar e só o olhar era pouco pra mim. Não me importava seu nome, apresentações eram desnecessárias, eu só queria ver aquele olhar de perto, brincando de "ligue os pontos" com as minhas pintas, ver meu olho verde pelo reflexo do seu castanho, suas tatuagens encostando nas minhas, suas roupas jogadas em cima do sofá misturadas ao meu vestido florido e sua respiração se confundindo com a minha. Era isso que eu queria.   
  Chamaram a minha senha e você continuava a ser atendido e continuava a me dar umas olhadas. Com sorte eu acabo primeiro e saio logo de perto desse olhar, eu pensei. Sorte, desde quando eu tenho sorte? Sei muito bem que não posso contar com ela. Acabou o seu atendimento e você foi embora, não olhei para atrás, não sei se você ficou esperando eu virar e dar um sorrisinho como quem diz "me espera la fora". Sai meio esbaforida, guardando meus documento e seu olhar na minha pasta de "inesquecíveis" e sem perceber trombei em você.
Parece coisa de filme hollywoodiano, e se fosse um filme a nossa historia de amor teria começado ali. Mas não é filme, é a minha vida, a mesma que por muitas vezes eu dei a alcunha de novela mexicana por ser uma bagunça e cheia de momentos sem nexo, como esse.
  Me desculpei, peguei minhas coisas que caíram e sai rápido sem olhar pra você, sei que era o dono do olhar pelos dreads e pela roupa, não me atrevi a te olhar nos olhos. Se eu olhasse o passo seguinte seria algo como "me tira daqui e me leva pra onde você quiser", escolhi não olhar e não sei se foi a escolha certa, só sei que ninguém nunca mais me olhou com um olhar tão bom de ser sentido.