quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Apanhando da saudades

Esses dias você me ligou.

Fazia um tempo que eu não ouvia a sua voz e antes de desligar você falou:

- não esquece de mim não....

Agora, me diz, como que eu vou te esquecer?

No nosso primeiro encontro você me chamou pra um bar e não pra sua casa. Ele quer me conhecer de verdade, pensei.

Eu sempre pude ser eu com você, e você nunca fugiu de mim, mesmo quando meu eu não era a melhor versão que eu podia ser. E eu acho que amar o outro é meio isso, ficar mesmo diante das piores versões.

A gente se ama. Não sei desde quando, as vezes parece que é desde sempre. O que a gente tem vem se misturando entre amizade e algo mais, há mais tempo do que minha memória consegue contar agora. 

Nós somos amigos, mas quando você faz um deboche refinado, sem ser cruel, eu, que sou pirada em homem de pensamento rápido, de repente fico doida pra dar pra você.

A gente não tem música, não tem foto, não tem história romântica. As vezes eu acho que você me vê como a maluca faladeira mais engraçada que você já viu, outras vezes, sinto que pra você eu sou como um bichinho-bebê que precisa de cuidados. 

A gente tem nossos segredos, nosso dialeto, nosso beijo e uma sensação eterna de se sentir em casa na presença do outro.

Saudades de te olhar, de fumar um cigarro juntos, de ficar bêbada e falar constrangimentos com você, do seu cabelo, do seu cheiro, do seu abraço, das suas blusas de botão estampadas, de sair de casa sabendo que eu vou te encontrar, de dormir juntos - até quando tá quente e você insiste em me abraçar dormindo, me deixando com mais calor ainda. 

Saudades do jeito que a gente ri junto, do jeito que a gente faz o outro rir. 

Realmente, você tinha razão, nunca daria certo a gente em um relacionamento sério, porque a gente é muito engraçado.

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