quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Já que sinto, me deixa sentir.

Gosto de sentir saudades quando sei que ela vai ter um fim. Não sei quando, como ou onde, mas sei que um dia ela termina.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Ainda não passou.

  Saí daquele barzinho com o coração na mão. Nas suas mãos. Olhei pra trás e você continuava de pé, me olhando sumir, sorrindo aquele riso que me faz ter pesadelos até hoje, aquele que não precisa vir acompanhado de nenhuma palavra que eu já sei que é forçado, pra não chorar.Vem, corre atrás de mim agora, essa é a chance, a única talvez, de você mudar os nossos destinos daqui pra frente. Não correu.
  Chorei como venho chorado há semanas, sofri por antecedência pensando que no dia ia aguentar não soltar uma lagrima na sua frente, queria que você ficasse, mas não que eu  te pressionasse a isso. Tinha que ser por vontade própria.
As pessoas me olham. "Qual é? nunca viram ninguém chorar não? O transporte é publico, posso chorar o quanto eu quiser já que paguei passagem" é o que eu penso por uma fração de segundos, mas só penso, não falo, ninguem merece ouvir uma grosseira gratuita, ninguem tem culpa do meu sofrimento. Nem eu. Nem ele. 
  Coloco a musica mais melosa e romântica pra tocar, se é pra chorar copiosamente que seja com trilha sonora a altura. Faço uma playlist perfeita para a fossa, só não tem a nossa musica, afinal quero algo para embalar a minha tristeza, não para me atiçar ao suicídio. 
  A sensação de falta estendeu-se por mais tempo que eu imaginava. Eu não quero continuar, mas saiu do meu controle e eu já me apeguei ao sofrimento. Continuo saindo, continuo paquerando, voltei a ler nas sombras das árvores, acompanhei e ajudei na história de amor de outros, me apaixonei por livros velhos e bebidas novas. 
Seria clichê e uma grande mentira dizer que superei e nem me importo mais, sei que se te ver na minha frente vou sentir as pernas tremerem, não ver mais nada a minha volta, só querer te abraçar e sentir seu cheiro de banho tomado. Não é que te querer atrase a minha vida, mas também não me adianta em nada.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Faísca que nunca apaga.

  E ali estava eu, em mais uma daquelas conferências chatas e entediantes. Mas era preciso, era necessário, fazer contatos, conhecer gente influente. No meio literário isso é muito importante, nada como uma boa carta de recomendação.
  Mais um copo de refrigerante e lá estava ela. Linda, mais linda que da ultima vez que a vi, o que deve fazer uns seis ou sete anos, muito tempo, tanto tempo lhe fez bem. Tenho duvida se é ela até ver a tatuagem, o simbolo da paz na nuca. Penso em me aproximar, mas e se ela não lembrar de mim? E se ela me tratar com indiferença? O real motivo pra eu querer ir até ela é falar "oi, lembra de mim? Costumávamos passar as tardes na minha republica, matávamos aula na universidade para jogar truco, dançávamos forró nos bares..."?
  Não crio coragem, mas vou, já imaginando que vou gaguejar, parecer bobo na frente dos amigos dela ou talvez ela nem me reconheça e eu seja rapido o suficiente para inventar que a confundi com uma amiga que não vejo há muito tempo. Não posso deixar ela ir sem ao menos ter certeza de quem ela é, encontros armados pelo acaso não são sem querer, e eu quero saber o que o destino reserva pra mim nessa noite.
  A cutuquei. Droga, me arrependi, por que cutucar? Não existe algo mais chato e irritante que cutucar, só no facebook é aceitavel. Ela vira, me olha com um meio sorriso que teve inicio na conversa com os amigos e morreu ao me ver. 
Balbuciei "oi, você é a..."  e fui interrompido por um abraço. Que saudades do seu abraço, do seu cheiro, saudades de quando você era meu mundo e o seu mundo era iluminar a minha vida. 
  Conversamos, agora acompanhados de uma taça de champagne- não costumo beber em conferencias, mas era um caso especial- por algumas horas não existiam os  problemas, caos no transito, cheque especial, o noivo dela, seu emprego estressante de professora. Nada, eramos apenas velhos amigos, parceiros de aventuras universitárias, paixão antiga e nunca esquecida. Um solteirão de meia idade e sua musa. Contei que ela era a personagem principal de todos os meus romances e ela me disse que sempre lembra de mim quando ouve Los Hermanos.
Trocamos e-mail  e telefone. Vê se não some, me liga mesmo, ela disse, olhando para atrás, enquanto ia embora de mãos dadas com o noivo.
  Reencontros, antítese de sentimentos. Te amei ao ver que você está tão bem, me odiei por você estar tão bem com outro.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Se você soubesse, seria diferente?

-Sabe pequena, tava me perguntando "por que gosto tanto daquela menina magrela, risonha, desencanada e que sempre embarca nas minhas conversas viajadas?"

-E descobriu o por que?

-Descobri, é que toda vez que estamos juntos, eu te abraço e sinto seu coração bater.