domingo, 4 de outubro de 2020

Eu não sei o que a gente tem

Nunca escrevi pra você aqui, porque a verdade é que a gente nunca se causou nenhum sentimento forte, é uma boa conversa, um bom beijo, uma boa companhia e só. O caminho do meio é seguro quando não se quer arriscar.

Porém, eu tenho pensando em nomear a gente, talvez pela falta do que fazer, talvez tentando entender melhor o que a gente é. 

Você não é um caso casual, porque conversamos todo dia sobre tudo do dia a dia, não só pra sexo - eu amo que nossas conversas não são com o objetivo final de terminar na cama -, mas a gente também não é só amigo, porque não fala sobre relacionamento com outras pessoas e quando marca de se ver é sempre date.

Você é exatamente o o que eu, convicta da minha solteirice, quero no momento. Sem obrigações, sem ciúme, sem insegurança, sem confusão (na maior parte do tempo), a gente ficou com a parte boa dos dois mundos. O melhor da amizade, boa companhia, conversa de horas, espaço seguro pra se abrir, desabafar ou comemorar; e o melhor do namoro, beijo certo em todo lugar que tá junto, sexo garantido sempre que quer e companhia pra ver série no domingo abraçadinhos. 

Mas a gente não é nenhum dos dois direito, acabamos misturando tudo e na maior parte do tempo funciona, porque a verdade sobre nós é que a gente se gosta, mas não se apaixonou, não sente nada intenso pelo outro, e sem sentimento desse tipo as coisas estacionam no conforto, é bom, mas nunca esquenta.

As vezes eu acho que a gente funciona melhor como amigos, mas aí eu lembro que seu beijo é o melhor que eu recebi nos últimos anos e deixo de lado isso de tentar nomear a gente.

Agora mesmo você me mandou uma mensagem contando como tão as coisas na sua viagem, com direito a álbum de fotos da casa que você tá. E eu tô com saudades, mas não é aqueeeela saudade, é só uma saudadinha de leve, que dá pra ir levando até nosso próximo encontro.

A gente não  tem nome, mas eu gosto muito do jeito que é.