sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Fantasma

 Meses depois o canto da minha cama tá completo com a sua presença de novo.

Cheiroso e suado, descabelado e lindo, sereno e selvagem, me causando uma dicotomia desesperadora de expectativas criadas pela minha própria cabeça.

Vivendo o cruel abismo entre o querer e a indiferença que a casualidade cria no meu peito, questiono, como alguém que me devora com tamanha vontade pode acordar e ir embora sem me devotar certezas, em palavras e ações.

A manhã chegou e, como um fantasma, você saiu pela porta sem olhar pra atrás, deixando seu cheiro no meu travesseiro e o canto da minha cama vazio, incompleto, caótico e bagunçado, igual meu coração, sem saber quando será nosso próximo encontro.

Sinto urgência de futuro, mas nem a melhor taróloga conseguiria decifrar em cartas, búzios ou signos o desenrolar da nossa história, de tantos encontros e desencontros.

O pedido pra próxima estrela cadente que cortar o céu já tá decidido.

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Câncer com ascendente em virgem

Me preparei pra te ver cheia de planos, pensando em cada detalhe, em cada palavra pra te falar e me perdi toda no nosso primeiro abraço.

Apertado.

Caloroso.

Cheio de saudades.

Seguido de um olhar profundo que me rasga inteira e derruba qualquer possibilidade de dúvida de que, não só ainda existe algo, como é algo grande.

Te pego me olhando e meu coração bate forte, você me encosta e meu corpo treme, sinto arrepios com seu cheiro, sua presença me leva pra outra realidade, não vejo mais nada, só você me importa.

Não paro de pensar em nós.

Mas você não quer ficar só comigo e eu não quero te dividir com mais ninguém.

Você vira a minha cabeça e me tem na mão, queria eu comandar tudo e te roubar pra mim.

Será que tudo que a gente viveu ficou no passado e agora já não faz mais sentido?

Perguntei se você ia pensar na gente, agora que eu to de volta, você olhou pro quadro na parede da minha sala, que já veio com a decoração da casa, e falou:

- Você entende esse quadro?

Respondi que não, meio sem paciência e sem olhar pra ele. Não queria metáforas, queria respostas diretas, mas você continuou:

- pois é, nem eu, e é assim que eu me sinto em relação a gente…

segunda-feira, 24 de junho de 2024

O garoto que dá sorte

No primeiro segundo que a gente trocou olhares naquele backstage alguma coisa diferente bateu. De repente a gente entrou em uma competição de quem ia conquistar o outro sendo mais engraçado, e nunca mais parou de competir.

Onde voce tava? Perguntou o Luccas Carlos, enquanto eu perdia a noção da hora rindo das suas gracinhas. Era sol nascendo de um lado e riso com flerte do outro.

Antes da gente se despedir eu já tava torcendo pra minha simpatia esbarrar na sua extroversão mais vezes.

E esbarraram.

As paredes dos hotéis amam nossos sorrisos juntos, as camas já perderam as contas de quantas vezes eu perdi o ar com você, os chãos conhecem bem as nossas roupas e os alarmes de fumaça você dribla muito bem.

Como duas pessoas que não convivem diariamente se entendem pelo olhar? Me pergunto todas as vezes que a gente tá junto.

Você é lindo, por dentro, por fora, do avesso. Original, no estilo, nos cabelos e na paquera.

A sua característica mais preciosa é seu coração gigante, toda vez que você fala da sua família, é quando mais me derreto.

Esperto. Rápido com as palavras e demorado nos carinhos.

Toda vez que tá dentro fala baixinho no meu ouvido "que sorte eu tenho" e eu te olho fixamente, pronta pra te engolir.

No nosso último encontro você disse que eu fiquei linda com a sua camisa do flamengo e eu disse que se a gente morasse na mesma cidade ia te promover a meu namorado.

Acho que as duas verdades tem pesos iguais.

Você não é meu, mas bem que podia querer ser.

sábado, 16 de março de 2024

Ele voltou

Depois de muitos anos a gente se viu.

Ele mesmo, o dono de metade das cartas de amor desse blog.

Ele, o homem de caráter duvidoso, que roubou meu coração em 2013 e levou um pedacinho com ele pelo mundo.

Ele, o homem que minha irmã desaprova. Que minhas amigas reviram os olhos ao ouvir o nome. Que se me perguntarem três qualidades eu nem sei dizer.

Ele, que me tirou o sono só com uma troca de olhares às 3h da manhã no meio de um rolé de qualidade duvidosa.

Eu te vi, você me viu. Eu tava acompanhada, você também.

Meu coração acelerou, fiquei desconcertada, sem reação, mesmo já vindo me preparando há dias pra possibilidade desse reencontro.

Não fui falar com você, não sabia o que falar, achei que você não ia me causar mais nada depois de tantos anos longe - errei.

Eu minto pros outros e, principalmente, pra mim, que nós somos só amigos, mas ficou claro que ainda tem alguma coisa aqui dentro.

Inexplicável sensação de saudade, com medo do desconhecido, vontade de abraçar e de correr pra longe, na mesma medida.

Torço por um encontro só nosso.

Eu mereço.

Você merece.

Nossa história merece.


quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Pecado íntimo

De longe te quero perto, de perto te quero dentro, rodei o mundo e caí na tua rede de novo.

Tu me vira do avesso e continua sendo do jeito que eu gosto. Seu olhar, naturalmente sério, é a coisa mais sexy que eu já vi, seu beijo me engole, suas mãos me comandam. 

Sua cara de quem não pede, manda, me enche de vontade de mergulhar, até perder o ar, entre seus dedos. 

Tu me invade com toques selvagens e me ama sem pudor, de um jeito que mais ninguém faz, passo dias sentindo nosso encontro marcado na pele, literalmente.

Desejo e perigo.

Esses dias a vontade de ser sua me rasgou sem dó em uma simples terça a tarde, sem a menor perspectiva de realização. 

Medo e delírio.

Motivada por lembranças das cenas quentes já protagonizadas por nossos olhares cheios de vontade do outro, eu te queria mais uma vez, e mais uma, e mais uma, em sequência, na frequência que faz minhas pernas tremerem e eu perder o fôlego.

Desde que minhas roupas se misturaram aos grãos de areia, em uma indecência intensa, sincera e profana, meu gemido se perdeu no sigilo e quer ecoar pela sua casa todo o dia.

Ficar presa no seu quarto, me queimando em tu, é a liberdade que eu queria pra hoje.

Amor marginal.

Coração bandoleiro.

Paixão aperriante.

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Me reencontrei

(ler ao som de Gal Costa - O que é que há)

Nós últimos anos eu tava perdida, pessoalmente, profissional, amorosamente, e todos os "entes" possíveis no final das palavras.

Nada me preenchia, nada me agradava, me sentia vivendo no automático, não me encaixava em mais nenhum grupo de amigos, nem nas festas, nem nas conversas. Vivia com uma certeza gritando no fundo da minha alma: essa não é a vida que eu quero.

De repente um mundo de abriu, eu abri meu mundo.

Em meio a uma vila, com chão de areia, sotaques diversos, pessoas de todos os cantos, um marzão cheio de marolinha e uma prancha de longboard, eu me encontrei. Feliz, vivendo, experimentando, conhecendo e sendo.

Nunca me senti tão dona da minha vida, das minhas escolhas, das minhas responsabilidades, do meu caminhar nesse mundo.

É aqui, é assim - eu pensava.

Meu coração se enchia de possibilidades todo dia, de vontades, de perguntas e respostas.

A saudade e as lembranças de casa me puxavam pro mundo que não é mais real pra mim, muitas vezes, e mais uma vez eu me completava de felicidade, sabendo que esse sonho só tava sendo possível por ter bases familiares muito fortes e seguras e, de repente, tudo que eu vivi até chegar aqui fez todo o sentido.

Já tava no meu caminho todas as vivências, encontros, trocas e conexões.

Nem tudo são flores, nem tudo é perfeito, mas eu me propus, planejei e fui ser adulta, do melhor jeito que eu acho que dá pra ser agora: vivendo há apenas alguns passos do mar, em contato direto com a natureza, fugindo de trânsito, de transporte público e de cidade grande.

A paz que eu tanto procurava me encontrou, e a gente têm se dado muito bem, as pessoas falam que eu tô mais brilhante, mais solar, mais alto astral, mais solta, e eu concordo.

Hoje eu acordei 5h da manhã e fui ver o sol nascer na praia atrás da minha casa, só tinha eu, o mar, a areia, um arco-íris no céu e a Gal costa cantando no fone.

Escorreu uma lágrima de satisfação, que delícia viver!

quinta-feira, 16 de março de 2023

Tentação

Cheguei na sua cidade e te procurei, cheia de expectativas e vontades, você é 100% aquela letra da Baby do Brasil "calor que provoca arrepio", e eu tava doida pra sentir isso de novo.

Entrei no carro, te olhei, mãos suando, coração acelerado, dois anos sem se ver, em dois segundos já tava perdida no seu sotaque, no seu sorriso, nas suas mãos e entregue pro caos que você é.

Apareci do nada, tirando sua vida da lugar, chutando sua rotina, fazendo você perder a hora e o sono. Te digo que não quero problema, sabendo que eu que fui atrás dele.

-Eu confio em tu, tu confia em mim? 

Você pergunta antes de tudo. 

Penso por cinco segundos que não deveria, afinal, olha as condições do nosso encontro.

Confio! Respondo e deixo rolar.

Você me chama de diaba, cachorra e gostosa, naquele sotaque que só gente da sua laia tem, e que me faz perder toda a postura.

Inexplicável encaixe, mãos que se conhecem, beijos de perder o ar, intimidade na fala, no ato e no movimento, desde a primeira vez, parece que não passou um dia desde nosso último encontro.

Cê puxa meu cabelo, e me olha por cima do meu ombro como se eu fosse a última mulher do mundo.

Uma noite com você vale por mil.

Fui embora cheia das suas marcas, zero culpa. A lembrança do seu cheiro e de ver a gente pelo espelho do seu quarto, vão me perseguir por semanas.

Se a gente morasse na mesma cidade a sua namorada seria eu...