A vila

Posso falar do sol quente, do vento forte, das ruazinhas de areia, do mergulho no fim de tarde e do pôr do sol de tirar o fôlego.

Mas a minha história não pode ser contado em voz alta, momentos e sensações difíceis de explicar. No meio do paraíso tinha você, e o que era pra ser dica de viagem, virou texto apaixonado.

Meu coração foi arrebatado por um cearense cheio de marra, que tem o cheiro mais gostoso do mundo, uma energia que brilha como um raio de sol, e um olhar expressivo que me despe sem precisar encostar em mim.

Com um sorriso que podia conquistar um continente e uma segurança invejável, você conta as cores que tem nos meus olhos, me tira pra dançar forró e toma meu corpo pra sua órbita. 

A gente fala sobre tudo, por horas, com uma confiança inexplicável pra dois desconhecidos, você diz que sente como se a gente se conhecesse há anos, e a intuição grita que esse encontro só pode ser obra do destino.

Em meio a pranchas de surf, rede, fumaças, sotaques e barulho de mar, a música de fundo canta " meu bem, quero ser seu namorado" e internamente penso que eu queria mesmo.

Nunca me envolvi com alguém de forma tão fácil, intensa, entregue e rápida, cada dia parecia uma semana, e uma semana parecia um mês. 

Cada pedacinho da minha pele sente saudades da sua, cada canto da vila que a gente se beijou ainda espera assistir outro casal se querendo tanto quanto a gente, cada chão que recebeu nossas roupas jogadas assistiu de camarote o tato transformado em arrepio.

Eu, você, cada suspiro, cada grão de areia que grudou no nosso suor, cada troca de olhar sincero e afetuoso, que marcaram a alma, torcem e sussurram baixinho: a gente se vê pelo mundo.