quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Faísca que nunca apaga.

  E ali estava eu, em mais uma daquelas conferências chatas e entediantes. Mas era preciso, era necessário, fazer contatos, conhecer gente influente. No meio literário isso é muito importante, nada como uma boa carta de recomendação.
  Mais um copo de refrigerante e lá estava ela. Linda, mais linda que da ultima vez que a vi, o que deve fazer uns seis ou sete anos, muito tempo, tanto tempo lhe fez bem. Tenho duvida se é ela até ver a tatuagem, o simbolo da paz na nuca. Penso em me aproximar, mas e se ela não lembrar de mim? E se ela me tratar com indiferença? O real motivo pra eu querer ir até ela é falar "oi, lembra de mim? Costumávamos passar as tardes na minha republica, matávamos aula na universidade para jogar truco, dançávamos forró nos bares..."?
  Não crio coragem, mas vou, já imaginando que vou gaguejar, parecer bobo na frente dos amigos dela ou talvez ela nem me reconheça e eu seja rapido o suficiente para inventar que a confundi com uma amiga que não vejo há muito tempo. Não posso deixar ela ir sem ao menos ter certeza de quem ela é, encontros armados pelo acaso não são sem querer, e eu quero saber o que o destino reserva pra mim nessa noite.
  A cutuquei. Droga, me arrependi, por que cutucar? Não existe algo mais chato e irritante que cutucar, só no facebook é aceitavel. Ela vira, me olha com um meio sorriso que teve inicio na conversa com os amigos e morreu ao me ver. 
Balbuciei "oi, você é a..."  e fui interrompido por um abraço. Que saudades do seu abraço, do seu cheiro, saudades de quando você era meu mundo e o seu mundo era iluminar a minha vida. 
  Conversamos, agora acompanhados de uma taça de champagne- não costumo beber em conferencias, mas era um caso especial- por algumas horas não existiam os  problemas, caos no transito, cheque especial, o noivo dela, seu emprego estressante de professora. Nada, eramos apenas velhos amigos, parceiros de aventuras universitárias, paixão antiga e nunca esquecida. Um solteirão de meia idade e sua musa. Contei que ela era a personagem principal de todos os meus romances e ela me disse que sempre lembra de mim quando ouve Los Hermanos.
Trocamos e-mail  e telefone. Vê se não some, me liga mesmo, ela disse, olhando para atrás, enquanto ia embora de mãos dadas com o noivo.
  Reencontros, antítese de sentimentos. Te amei ao ver que você está tão bem, me odiei por você estar tão bem com outro.

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