quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Pontos infinitos que se cuzam

O último homem que me amou assumidamente me olhava da forma mais carinhosa que eu já senti.
Me abraçava quando eu tinha medo do escuro
Beijava minha pele 
e falava dos meus olhos
Mas quando eu fechava os olhos e dormia, sonhava com você 
Morria de medo de falar seu nome
Te chamar
Me tocar sem ver
Te querendo
E acordar o homem que eu amei tão tranquilamente 
Que me dava a mão e levava pro mundo 
Que inventava uma gama de nomes para mim 
Que me beijava com cuidado e paixão 
E me mostrava suas vontades 
Mas quando eu fechava os olhos era você que eu queria ali, 
dentro de mim
Seu nome ficava travado na língua 
Enquanto eu queria você me lambendo 
E eu sempre abria os olhos pra não me deixar levar pela vontade de você 
Não é ele
Eu confirmava com a visão 
Ele não me toca assim
O tato falava
Ele não me beija assim
A sinestesia gritava 
O cheiro sempre sabe
Por mais que as lembranças tentem enganar
A lingua conhece.

Tem dias que eu acordo e torço pra ser você,
me abraçando forte pela manha.
Não é você, nem mais o homem que tanto me amou, 
é alguém que o grude me incomoda, 
eu olho pro lado e a vontade de ir embora é instantânea.
Qualquer outro, com nome comum, não satisfaz, 
meu corpo parece que não aprende isso.

Mas o coração só vai ta satisfeito quando bater descontroladamente ao ouvir você chamar meu nome de novo e partir em mil pedacinhos quando você sorrir, só pra ter mil formas de se entregar a você e ir embora junto quando você partir de novo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário